Eterno amor

Em 03 agosto 2010
Por Leila Ferraz


O legal de história de amor é a contradição. Gente apaixonada nunca é racional, as histórias são sempre exageradas, açucaradas com toques de insanidade mental descontrolada e, às vezes, alguns psicopatas também dão o ar da sua graça. Quem ama enfrenta tudo, sente o outro mesmo que em continentes distantes, e é sempre muito forte. Talvez seja justamente nessa pieguice toda que está a graça das histórias românticas.

Eterno amor (Un long Dimanche de Fiançailles, 2004) é a dica. A parceria entre o diretor francês Jean-Pierre Jeunet e a atriz Audrey Tautou que encantou o mundo no ótimo "O fabuloso destino de Amélie Poulain" em 2001, se repete nessa bela história de amor que brinda o telespectador com todos os ingredientes que citei acima, coroado com a competência e delicadeza do diretor.

Mathilde (Audrey) conhece Manech (Gaspard Ulliel) ainda na infância e desde então nunca mais se desgrudaram. Por causa de uma poliomelite ela ficou manca o que não impediu a moça de se tornar uma pessoa bem-humorada, esperançosa e otimista. Chega a Primeira Guerra Mundial e Manech deixa sua Mathilde e vai defender a França no front de batalha.

Três anos se passam e Mathilde recebe a notícia da morte de Manech. Por mais que os militares franceses lhe digam que foi executado ao lado de outros quatro soldados - todos condenados por apelarem à automutilação para escapar do conflito -, Mathilde não descansa até descobrir o que aconteceu no ano de 1917, quando Manech foi visto pela última vez.

Uma coisa muito marcante nesse filme são as pequenas tragédias que envolvem a vida da protagonista (não posso contar, assistam!).Talvez por causa disso, ela não aceite a morte de Manech e vai atrás do rapaz. Seguindo pistas, encontrando gente, desvendando mistérios, o longa mostra a incansável busca de Mathilde por seu Manech, ignorando os fatos e seguindo seu coração (ai que lindo!!!).

A narrativa dessa história envolve a gente , alterna as trincheiras sujas e tristes da guerra com as belas lembranças do casal, a inocência desse amor que é "desde sempre", a certeza da protagonista sempre com um sorriso no rosto nutrido pela esperança e ,paralelo a tudo isso, histórias coadjuvantes, que cruzam o caminho de Mathilde, de outras vidas também alteradas pela guerra. Outros amores desfeitos, corações partidos, atos impensados.

Enfim, para mim uma bela homenagem à esse que é o mais nobre e buscado dos sentimentos. Em nossa história as vezes perdido em guerras, discussões ou qualquer outro acidente de percurso ao qual estamos sujeitos, mas nunca esquecido.

beijos