O escritor fantasma

Em 04 junho 2010
Por Leila Ferraz

Sabe aquela sensação gostosa de fim de filme de suspense, quando você fica sem saber ao certo quem é o malvado da história, vai pra casa bolando inúmeras teorias, tenta lembrar de algum detalhe que possa ter perdido, chega à uma conclusão e depois vê que não é nada disso? Pois é essa a sensação deixada por ”O escritor fantasma” (Ghost Writer, EUA 2010).

O longa de Roman Polanski, que anda na boca do povo não por sua arte e sim por razões longe de serem artísticas, tem tudo na medida certa. Um elenco super competente, uma história bem amarrada, trilha no ponto e aquela mão benfeitora de Polanski.

Ewan McGregor é um escritor mediano, contratado completar as memórias do ex-Primeiro Ministro inglês Adam Lang (Pierce Brosnan). Tudo bem, não fosse pelo fato de Lang estar sendo acusado de crimes de guerra durante a Guerra do Iraque e de o antigo escritor ter sido encontrado morto sob circunstâncias bem suspeitas.

Num esquema no melhor estilo quartel general, o ghost writer (que não tem nome no filme), tem aproveitar o que já fora coletado por seu antecessor e preparar mais entrevistas com o político. O conteúdo do livro não pode vazar até a hora da publicação, tudo é guardado com maior cuidado, sob segurança ferrenha, muito código, tudo super moderno e por aí vai.

A partir daí uma série de fatores se desenrolam, no meio dessa auto-biografia muita gente tem o rabo preso, e o ingênuo escritor de repente se vê numa teia de intrigas, segredos políticos, traições e muita sujeira. O filme prende atenção até p final e seu principal mistério só é resolvido mesmo no último minuto de projeção. Prova de que, falem bem ou mal, Polanski continua – no auge dos seus 77 anos – um mestre na arte do suspense.