Superbandas: Diversão ou Negócio?

Em 27 janeiro 2010
Por Anderson Silva

A formação estelar do Them Crooked Vultures levanta uma questão: dá certo juntar muitos astros na mesma banda?
Foto: Divulgação.

Fazendo uma analogia com o futebol, quando um time contrata vários craques (como o Real Madrid fez com seus “galáticos”), muita gente torce o nariz já achando que não dará certo (nesse caso não deu mesmo).

E quando os “craques” são músicos competentes e famosos, será que funciona? A história musical mostra, assim como no esporte bretão, que pode dar certo. Ou Não, como diria Cléber Machado .

Jam Session oitentista

Bob Dylan, Roy Orbinson, George Harrison, Tom Petty e Jeff Lynne (do Electric Light Orchestra). Imaginem esses caras tocando juntos. Ia ser demais, certo? Essa união aconteceu na década de 1980, meus caros!

Durante uma jam session no estúdio de Mr. Dylan, os músicos gravaram uma faixa que saíria no lado B de um single do novo álbum de Harrison. O entrosamento dos caras foi tão bom que eles decidiram registrar as jam´s e lançaram, em 1988, o disco sob a alcunha de The Traveling Wilburys.

Essa poderosa união, deu certo. O que temos ali é uma aula de como se fazer um álbum de rock. Em 2007 foi lançada uma versão com discos bônus. Vale a pena conhecer (se é que você já não conhece).



Temple of the Dog: União por uma boa causa

Chris Cornell, em começo de carreira com o Soundgarden, teve uma ideia interessante: juntar os amigos em um projeto para homenagear Andrew Wood, então vocalista do Mother Love Bone, morto por overdose de heroína. Estava criado o Temple of the Dog.

Cornell chamou os ex-integrantes do Mother, Jeff Ament e Stone Gossard, seu companheiro de Soundgarden, o bateirista Matt Cameron, o guitarrista Mike McCready e um tal de Eddie Vedder.

Como assim “um tal de Eddie Vedder”? O vocalista não era conhecido e viria, depois do projeto acabar (durou um disco), a formar o Pearl Jam com Gossard, McCready, Ament e o batera David Krusen.

O Temple of the Dog não pode ser considerado uma superbanda, pois nenhum dos membros era conhecido mundialmente. Mas o projeto era bacana e serviu como um embrião para uma das maiores bandas de rock.




Audioslave e Velvet Revolver: Juntos pela grana

Anos depois de dar o pontapé inicial (adoro essas referências futebolísticas) na carreira de Eddie Vedder, Chris Cornell decretou o fim do Soundgarden e lançou seu primeiro disco solo, “Euphoria Morning” em 1999.

Em 2001, uma bomba. Cornell junta-se aos ex-integrantes do Rage Against the Machine e monta o Audioslave. O primeiro cd teve boas críticas, afinal aliava o vozeirão do cara e as guitarras poderosas de Tom Morello.

A banda lançou três álbuns e se desfez em 2007. Nem Cornell, nem Morello admitiram, mas o Audioslave foi criado para ganhar dinheiro, embora o supergrupo tenha sido muito elogiado. Foi bom enquanto durou.


Seguindo os passos do Audioslave, Slash, Duff McKagan, Matt Sorum e o guitarrista desconhecido Dave Kushner se juntaram a Scott Weiland para formar o Velvet Revolver.

As músicas eram, em sua maioria, parecidas com os trabalhos anteriores do Guns ou do STP, mas funcionavam bem. O problema, mais uma vez, eram os dólares e as drogas. Weiland foi “gentilmente” convidado a se retirar.



John Paul Jones, Josh Homme e Dave Grohl: quase perfeitos

Pode não ser muito original, mas o recém-criado Them Crooked Vultures, formado por Dave Grohl, Josh Hommes e John Paul Jones soltaram um dos melhores álbums de 2009.

É vigor e rock de muito bom gosto. Os caras podem dizer que estão na banda e não que o Them seja, de fato, um projeto duradouro. Só o futuro dirá.

O certo é que eles tem uma vantagem sobre as demais superbandas: Dave Grohl e Josh Hommes não estavam sumidos do rock e o John Paul Jones não precisa de muito dinheiro. Estou sendo ingênuo?

Não tenho conhecimento de superbandas por aqui, mas, recentemente, o vocalista do Engenheiros do Hawaii se juntou ao cara do Cidadão Quem para formar o Pouca Vogal. Mas é claro que isso não é um bom exemplo…