Em um período recheado de estreias milionárias, efeitos fabulosos e imagens sensacionais, o texto é sobre uma produção irlandesa , discreta e encantadora. Não um elenco de peso, mega famoso, mas uma reunião de notinhas, uma escala perfeita que dita o enredo e arrebata quem assiste. Deleite para os olhos e, principalmente, para os ouvidos. A música é a protagonista.
"Apenas uma vez" (Once, Irlanda 2006), tem aquele ar desleixado, com cara de filmagem caseira. Não tem roteiro estabelecido, tem personagens centrais sem nome, romance sem beijo e ainda assim, uma história de amor belíssima.
"Apenas uma vez" (Once, Irlanda 2006), tem aquele ar desleixado, com cara de filmagem caseira. Não tem roteiro estabelecido, tem personagens centrais sem nome, romance sem beijo e ainda assim, uma história de amor belíssima.
Peralá, antes de fazer cara feia e dizer "lá vem ela com essa meninice" saca essa. A história se passa em Dubln, na Irlanda. Um músico de rua conhece uma imigrante pianista e com ela inicia uma colaboração musical. Em todo tempo é notável o interesse de ambos um pelo outro, mas nada acontece. A medida em que canções vão sendo criadas, vai nascendo um sentimento tímido, receoso, medroso e inocente.
A música é o laço. Imagine essa cena: Uma loja de instrumentos, ela ao piano e ele com seu violão surrado. Aos poucos as notas vão surgindo,uma letra simples e direta, a descoberta um do outro, da canção, do talento, da sensibilidade. É de arrepiar.
O diretor e roteirista John Carney cria um ambiente real, as pessoas no filme são reais, os problemas são reais, os defeitos também. Não há quadros mirabolantes, roteiros complexos, falas extensas. Há o cotidiano, a simplicidade, a beleza da descoberta. Não se espante se, ao ver o longa tiver a impressão de que as cenas foram criadas de acordo com a gravação. Foi exatamente o que aconteceu, nada planejado.
A única coisa certa desde o princípio era a canção. O diretor chamou o músico irlandês Glen Hansard, lider do The Frames, para compor a trilha, que por sua vez convidou a pianista tcheca Marketa Irglova para uma parceria. O resultado: Oscar de melhor canção original para "falling slowly" (2008) e os dois músicos como o casal protagonista. Ah, o diretor foi contrabaixista no The Frames até 1993.
As canções são executas com paixão, com alma mesmo, os dois estão entregues,algumas sequências parecem verdadeiros videoclipes, pois a música é que comanda as ações dos personagens. Essa harmonia exemplifica perfeitamemnte a sensação que temos de estarmos vivendo a vida dos dois, lado a lado com o casal, com a câmera sempre acompanhando de perto os dois, em um tom documental.
Apenas uma vez não é uma produção que usa a música como coadjuvante mas sim como tema.A música não é inserida após a ação e sim o contrário. O romance não é físico, está no processo criatvo dos dois, na evolução musical, na cumplicidade e há poucas coisas tão românticas quanto a cumplicidade.
É uma bela metáfora de início de relacionamento. Uma nota tímida aqui, um aprendendo com o outro ali, os dois buscando os mesmos acordes. O futuro pode ser um álbum ou apenas uma canção isolada, seja ela perfeita ou fora do tom. As chances e os riscos do relacionamento rumarem por um caminho ou o outro são infinitos. As chances dessa junção de notas resultar e uma bela melodia são as mesmas do temido acidente musical.
Adaptações, notas sustenidas, acordes em bemol serão necessários. A vida pode ser uma música e parte do processo de amadurecimento é sentir a melodia e escrever sua própria partitura.
beijos
Leila
A música é o laço. Imagine essa cena: Uma loja de instrumentos, ela ao piano e ele com seu violão surrado. Aos poucos as notas vão surgindo,uma letra simples e direta, a descoberta um do outro, da canção, do talento, da sensibilidade. É de arrepiar.
O diretor e roteirista John Carney cria um ambiente real, as pessoas no filme são reais, os problemas são reais, os defeitos também. Não há quadros mirabolantes, roteiros complexos, falas extensas. Há o cotidiano, a simplicidade, a beleza da descoberta. Não se espante se, ao ver o longa tiver a impressão de que as cenas foram criadas de acordo com a gravação. Foi exatamente o que aconteceu, nada planejado.
A única coisa certa desde o princípio era a canção. O diretor chamou o músico irlandês Glen Hansard, lider do The Frames, para compor a trilha, que por sua vez convidou a pianista tcheca Marketa Irglova para uma parceria. O resultado: Oscar de melhor canção original para "falling slowly" (2008) e os dois músicos como o casal protagonista. Ah, o diretor foi contrabaixista no The Frames até 1993.
As canções são executas com paixão, com alma mesmo, os dois estão entregues,algumas sequências parecem verdadeiros videoclipes, pois a música é que comanda as ações dos personagens. Essa harmonia exemplifica perfeitamemnte a sensação que temos de estarmos vivendo a vida dos dois, lado a lado com o casal, com a câmera sempre acompanhando de perto os dois, em um tom documental.
Apenas uma vez não é uma produção que usa a música como coadjuvante mas sim como tema.A música não é inserida após a ação e sim o contrário. O romance não é físico, está no processo criatvo dos dois, na evolução musical, na cumplicidade e há poucas coisas tão românticas quanto a cumplicidade.
É uma bela metáfora de início de relacionamento. Uma nota tímida aqui, um aprendendo com o outro ali, os dois buscando os mesmos acordes. O futuro pode ser um álbum ou apenas uma canção isolada, seja ela perfeita ou fora do tom. As chances e os riscos do relacionamento rumarem por um caminho ou o outro são infinitos. As chances dessa junção de notas resultar e uma bela melodia são as mesmas do temido acidente musical.
Adaptações, notas sustenidas, acordes em bemol serão necessários. A vida pode ser uma música e parte do processo de amadurecimento é sentir a melodia e escrever sua própria partitura.
beijos
Leila
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